sábado, 22 de novembro de 2008

Eu, Etiqueta (autor: Carlos Drummond de Andrade)

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome...estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta,a marca de cigarro
Que não fumo, e que até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio,meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso,meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico do sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso,abuso,reincidências.
Costume,hábito,premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim um homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou,estou na moda.
É duro andar na moda,ainda que a moda
Seja negar a minha identidade,
Trocá-la por mil,açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros,tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana,invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.

Em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer principalmente)
E nisto me comprazo,tiro glória
De minha anulação.
Não sou- vê lá- anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar,para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva ,independente,
Que moda ou suborno a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto,cada olhar,
Cada vinco de roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia,não de casa,
Da vitrine me tiram,recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos,tarifados.
Por me ostentar assim,tão orgulhoso
De não ser eu,mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu novo nome é Coisa.
Eu sou a coisa,coisamente.

Poema de Brecht

"Nós vos pedimos com insistência Nunca digam- Isso é natural! Diante dos acontecimentos de cada dia. Numa época em que reina a confusão, Em que corre o sangue, Em que o arbitrário tem força de lei, Em que a humanidade se desumaniza... Não digam nunca: Isso é natural! A fim de que nada se passe a ser imutável."



Obs: O poema de Brecht nunca esteve tão atual para a época em que vivemos. Onde tudo é natural! É natural banalizar a violência, a vida, e todos os valores parecem deixaram de existir... estão fora de moda. Isso não é natural!

Poderosas Gaivotas(autora: Graça Penna Guerra)



Ontem sonhei com gaivotas
a dançar o ballet das águas
numa coreografia da vida
na alegria das ondas a brincar.
Carrega em suas asas a canção
da esperança de pousar em outra praia
e se refrescar em outra onda de outro mar
Quem sabe em qual mar?
Talvez encontre um companheiro
e se entrelacem na dança do amor.
Uma gaivota sempre será a sublime meditação.
Será de que praia ou mares vieram?
Será que segredos trazem em suas asas,
das longas viagens de tantas noites e dias.
As gaivotas sempre serão gaivotas.
Com o poder de silenciar o homem
para acompanhar, encantar com a sua dança nas águas.
O homem medita sobre a fragilidade humana.
O homem sonha com o seu amor e liberdade.
Oh,poderosas gaivotas!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Reflexões sobre crianças




Cada criança que nasce traz uma nova benção para a família.(Máxima Judaica)

As palavras das crianças são o ornamento da vida neste mundo.(Alcorão)

A melhor maneira de formar crianças boas é fazê-las felizes.(Oscar Wilde)

Enquanto permitirem que crianças sofram, não existirá amor verdadeiro na terra.( Isadora Duncan)

Um bebê é a opinião de Deus que o mundo deve prosseguir.( Carl Sandburg)

A criança necessita mais de exemplos do que de censuras. (Joseph Joubert)

Cada criança, ao nascer, nos traz a mensagem de que Deus não perdeu a esperança nos homens. (Rabindranath Tagore)

Se o pai dá o filho,ambos riem; se o filho dá ao pai,ambos choram. (sabedoria Judaica)